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terça-feira, 12 de outubro de 2010

A relação entre o mágico à magia e o público

Interessante o absurdo que existe em um show de magia, a arte de ocultar e amostrar com destreza; a fim de manobrar a atenção dos telespectadores. O reger de uma ilusão com mutua aprovação..., toda fantasia é uma mentira, sendo que para o ato em questão a aprovação, a fascinação, e até mesmo o anseio do público.

Existe uma estranha similaridade com o relacionamento afetivo-amoroso, no qual na maioria das vezes, sobrevive de uma consensual “magia” onde ambos se revezam entre mágico e platéia em uma manobra diária de ocultar e revelar com uma roupagem de sensualidade. O absurdo vem do fato que tanto o público como o próprio mágico, saberem que não há magia na mágica, mas mesmo assim sustentam o misticismo do ato.

Talvez seja inconveniente declarar, mas assim como na mágica, no amor não há magia apenas a tênue habilidade do casal de manobrar sonhos, desejos e fantasias no mesmo consenso de encobrir e revelar. A maioria das relações subsiste das memórias anestésicas das mágicas datas e períodos comemorativos que consomem o ano como: aniversários, aniversário de casamento, de namoro, dias dos namorados, Páscoa, Natal, Ano Novo, férias e etc.

Talvez pudesse se chamar de engano ou charlatanice, mas todo público é ciente que não há nada mais do que técnica, destreza, panos, luvas, cartolas e mangas. A relação inocente entre o mágico e o público em geral, não é de enganador e enganado!...

Assim se vive uma relação entre: “o que é”, “o que ninguém quer ver”, “o que poderia ser” e “o que gostamos de ver”, ...e será que toda graça está no jogo de engano / auto-engano?!...

Leandro Ribeiro

Cadê a Graça?!...

Maria da Graça têm 20 anos, acorda às cinco da manhã e trabalha em um telemarketing, e para completar a renda, no período da tarde-noite faz faxina; têm um filho de 4 anos que só consegue vê-lo dormindo e que nem se lembra mas de como é a sua voz. Conta vagamente com a ajuda da sua exausta mãe que também exerce a mesma função para seu filho, e raramente cumprimenta seu pai que “rala” tanto quanto ela...

No malabarismo da vida parece que o público com os seus despertadores torcem para que o malabares se desequilibre; seu sono não é um descanso, e sim um desmaio, uma quase morte, e o seu despertar uma obrigação de ressurgir das cinzas como uma Fênix num ajuntar de cacos contínuo. Graça gostaria de se retirar deste picadeiro imposto pelo destino.

No entanto faz tempo que a Graça não se encontra neste mundo que não dá nada de graça, e porque um abraço amigo é tão raro e tão caro!

Existe um toque mágico em Graça que têm a capacidade de desaparecer entre os impossíveis espaços apertados de ônibus e metrôs, e ao mesmo tempo tornar um em um milhão, e multiplicar-se de forma incompreensível, e na luta por ser onipresente ela ouve quase que por heresia falarem em outras graças:

- A graça de Deus;

- A graça do riso;

- A Nossa Senhora da Graça;

- Ouve gritarem que algumas coisas estão quase de graça!!!

O que realmente é graça?!... Ela se questiona:

- Graça gostaria de ser misericórdia, de ser sorriso, de ser uma Santa, ou o nome de uma Rua ou Bairro...

No mundo há tantas graças...;

...Tantas Aparecidas;

...Tantas Glórias;

...Tantas Vitórias;

...Tantas das Dores;

...Tantas Auxiliadoras;

...Tantas Socorro;

Na verdade Graça tem tanta esperança, força e espontaneidade para viver; e assim como todas as mulheres, ela devia se chamar: Fé.

Leandro Ribeiro