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domingo, 1 de abril de 2012

14 minutos


  A chuva lavou 2011, entrei 2012 olhando-a mais gelada e pratiada que já vi. Enquanto esfregava meus pés na areia da praia, como se meu corpo pedisse para criar raízes naquele momento único e mágico fadado ao fim e alheio a vontade de ambos, olhava para os olhos negros dela e sentia o conforto de ser apenas nós dois, mesmo eu esbarando em mil como se experimentasse descargas elétricas em cada um que me encostasse.
  Pela primeira vez vi um espetáculo de fogos a beira do mar.
  Os fogos de artificio e o mar parecem estabelecer uma união perfeita, o mar se declara aos fogos reproduzindo o espetáculo em seu espelho d’agua, mas nem toda união perfeita é eterna; os fogos logo se apagam e o mar sem luz própria emudece e some na imensa escuridão. Dá as costas ao resto do mundo, simplamente rugindo como se sentisse dor por ter contemplado a sua paixão explodir e apagar diante da sua face tão rapidamente.
  As luzes e o barulho pareciam anunciar o início de uma batalha, mas honravam a paz. Tentei da forma que pude plantar-me ao seu lado, mas minhas razões não eram apropiadas e meus pés começaram a se desfazer...

  Alguns amores não nascem para torna-se realidade, são apenas para poder contemplar e sonhar..., sendo impraticável o luxo de olhar para atrás.
  O mar cultua o dia em seu azul esverdeado, quase celeste tão antagonista; e os fogos sobrevivem à noite, sobrepujando as corriqueiras estrelas. Tonando assim, o amor tão lindo entre os dois tão raro, quase impossível, mas grandioso e maravilhosamente inesquecível.
  Gostaria de ter envelhecido ao lado dela, mas contávamos o tempo de forma diferente. Ela se esconde, e passa o dia olhando para o céu esperando anoitecer para "curtir"; deleita-se usando seu manto de orquídeas vermelhas todas as noites como se fosse dia.
  Quem sabe se em outro mar: da Índia misteriosa, no Mediterrâneo dourado ou Pacífico azul...
  Mas, um imprimiu no outro algo tão profundo que todos os demais serão rasos, e não serão como o Mar de Copacabana ao som da música "Viva La Vida" da Banda ColdPlay.

  Tentamos... Não haverá outro 2011, e dizem que 2012 será o último!...
  O impossível não é apenas uma palavra, e alimenta o homem.
  ...Ela tem sede; contudo o Mar de Copacabana era pouco para uma sede perene.
  Eu a ofereci a Água da vida, porém ela rejeitou para o momento, me pediu para que lhe soprasse em suas narinas. Tentei, tentei várias vezes, mas infelizmente eu não pude lhe dar vida.
  Tudo parece que apagou sem razão ou explicação; foi cedo demais...
  A lembrança será eterna...
  Pergunto-me no momento se estou execrado a escrever de forma silenciosa a felicidade desatenta, jogando garrafas na imensidão do oceano com mensagens que retornaram a mesma praia, sem serem lidas, na expectativa que em um dia em que fogos de artificio retornem a iluminar o mar ela leia sobre o que não tive o alento de declarar.
  Pena que uma relação tão sincera e verdadeira termine com semear de cheiro de pólvora queimada, durando eternos 14 minutos. 

Leandro Gomes

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